Poema para uma pintura de Egon Schiele in Dias ImperfeitosTernura
Desvio dos teus ombros o lençol
que é feito de ternura amarrotada,
da frescura que vem depois do Sol,
quando depois do Sol não vem mais nada...
Olho a roupa no chão: que tempestade!
há restos de ternura pelo meio,
como vultos perdidos na cidade
em que uma tempestade sobreveio...
Começas a vestir-te, lentamente,
e é ternura também que vou vestindo,
para enfrentar lá fora aquela gente
que da nossa ternura anda sorrindo...
Mas ninguém sonha a pressa com que nós
a despimos assim que estamos sós!
David Mourão-Ferreira
3 comentários:
Como sempre uma boa escolha para a ligação entre texto e imagem! Poderíamos até pensar que David Mourão-Ferreira se inspirou nesta pintura. :)
Que bonito!
:)))
Sol!
Já porventura leste o romance
de David-Mourão Ferreia,
Um Amor Feliz?
Se não leste, recomendo-te.
É espantosamente belo!
Enviar um comentário