abril 15, 2010



Estátua

Cansei-me de tentar o teu segredo:
No teu olhar sem cor, --- frio escalpelo,
O meu olhar quebrei, a debatê-lo,
Como a onda na crista dum rochedo.

Segredo dessa alma e meu degredo
E minha obsessão! Para bebê-lo
Fui teu lábio oscular, num pesadelo,
Por noites de pavor, cheio de medo.

E o meu ósculo ardente, alucinado,
Esfriou sobre o mármore correcto
Desse entreaberto lábio gelado...

Desse lábio de mármore, discreto,
Severo como um túmulo fechado,
Sereno como um pélago quieto.

Camilo Pessanha

3 comentários:

Anónimo disse...

Está a chegar a Primavera.
Heller

vbm disse...

:))
b.,
v.

Anónimo disse...

ÀS vezes sinto tristeza.
Uma tristeza de uma falta.
Tenho uma memória secreta, das ruas do centro da cidade, e do ecoar das paredes pombalinas.
Algo único, irrepetível, nunca mais
tangível.
Acorrentada a esta memória solitária, sei que nunca se repetirá em intensidade a vivência
nua do abraço.
Heller