janeiro 31, 2010
os mistérios de eleusis xlix
Então, Apolo terá intermediado um acordo
entre Deméter, Plutão e Júpiter de modo
a que, durante seis meses por ano,
Perséfona ficava nas profundezas
subterrâneas com Plutão,
e os outros seis meses
regressava ao convívio
da mãe Deméter!
janeiro 30, 2010
os mistérios de eleusis xlviii
janeiro 29, 2010
os mistérios de eleusis xlvii
janeiro 28, 2010
os mistérios de eleusis xlvi
Hermes: — Ó aspirantes dos mistérios,
cuja vida está ainda obscurecida pelos fumos da má vida,
esta é a vossa história.
Guardai e meditai estas palavras de Empédocles:
«A geração é uma destruição terrível que faz
passar os vivos para os mortos.
Antes vós vivestes a vida verdadeira,
e depois, cativos de um encanto,
caístes no abismo terrestre,
subjugados pelo corpo.
O vosso presente não é mais que um sonho fatal.
O passado e o futuro, só eles existem verdadeiramente.
Aprendei a lembrar-vos, aprendei a prever.»
janeiro 27, 2010
janeiro 26, 2010
os mistérios de eleusis xliv
Rubens, O rapto de Perséfona
[A terra entreabre-se ao seu lado. Da fenda aberta e negra
surge lentamente, até meia altura, Plutão, sobre
um carro atrelado a dois cavalos negros.
Agarra Perséfona no momento em que colhe a flor
e puxa-a com violência para si. Esta torce-se
inutilmente nos seus braços
e solta um grande grito.
Logo o carro se afunda e desaparece.
A sua marcha extingue-se ao longe
como um temporal subterrâneo.
As ninfas dispersam-se pelo bosque, gemendo.
Eros desvanece-se com uma gargalhada.]
janeiro 25, 2010
os mistérios de eleusis xliii
janeiro 24, 2010
os mistérios de eleusis xlii
Eros: — Os homens chamam-lhe Narciso; mas eu chamo-lhe Desejo.
Vê, como ela te contempla, se vira para ti. As suas brancas pétalas
estremecem como vivas; do seu coração de ouro
escapa um perfume que enche o ar de volúpia.
Assim que chegares esta flor ao teu rosto,
verás num quadro imenso e maravilhoso,
os monstros do abismo.
Nada te será escondido.
janeiro 23, 2010
janeiro 22, 2010
janeiro 21, 2010
Amor, hoje teu nome
a meus lábios escapou
como ao pé o último degrau...
Espalhou-se a água da vida
e toda a longa escada
é para recomeçar.
Desbaratei-te, amor, com palavras.
Escuro mel que cheiras
nos diáfanos vasos
sob mil e seiscentos anos de lava -
Hei-de reconhecer-te pelo imortal
silêncio.
Cristina Campo, O Passo do Adeus,
Trad de José Tolentino Mendonça;
Assírio & Alvim
Poema recolhido no blog
A Voz da Romãzeira
a meus lábios escapou
como ao pé o último degrau...
Espalhou-se a água da vida
e toda a longa escada
é para recomeçar.
Desbaratei-te, amor, com palavras.
Escuro mel que cheiras
nos diáfanos vasos
sob mil e seiscentos anos de lava -
Hei-de reconhecer-te pelo imortal
silêncio.
Cristina Campo, O Passo do Adeus,
Trad de José Tolentino Mendonça;
Assírio & Alvim
Poema recolhido no blog
A Voz da Romãzeira
os mistérios de eleusis xxxix
Eros: — Eu que transformo e uno todas as coisas,
que faço do pequeno a imagem do grande,
do profundo o espelho do céu,
eu que misturo o céu e o inferno sobre a terra,
que lavro todas as formas do oceano profundo,
fiz renascer a tua estrela do abismo na forma
de uma flor, para que a possas tocar, colher e aspirar.
janeiro 20, 2010
os mistérios de eleusis xxxviii
Perséfona: — Oh! que flor admirável! Faz tremer
e surgir no meu coração uma recordação divina…
Às vezes, adormecida no cume de um astro amado,
que doura um poente eterno, no meu sonho,
vejo, sobre a púrpura do horizonte,
flutuar uma estrela de prata
no seio róseo do céu verde pálido.
Parecia-me então que seria o facho do esposo imortal,
promessa dos Deuses, do divino Dionisos.
Mas a estrela caía, caía … e o facho apagava-se ao longe.
— Essa flor maravilhosa parece-se com essa estrela.
janeiro 19, 2010
janeiro 18, 2010
janeiro 17, 2010
«O Tratado da Reforma do Entendimento que aqui te oferecemos inacabado, benévolo leitor, foi escrito pelo autor, já lá vão muitos anos. Sempre esteve na sua tenção terminá-lo: porém, impedido por outras ocupações e, por fim, arrebatado pela morte, não o pode levar ao fim desejado. Todavia, porque contém muitas coisas belas e úteis, que serão — não duvidamos — de grande interesse para quem perscruta a verdade não quisemos privar-te delas. Além disso, para não te ser difícil desculpar o muito de obscuro, mal acabado e deselegante que aqui e acolá se encontra, e para não o ignorares, quisemos deixar-te esta Advertência. Adeus.»
(Prefácio dos editores)
(Prefácio dos editores)
os mistérios de eleusis xxxv
janeiro 16, 2010
janeiro 15, 2010
os mistérios de eleusis xxxiii
janeiro 14, 2010
os mistérios de eleusis xxxii
janeiro 13, 2010
os mistérios de eleusis xxxi
janeiro 12, 2010
janeiro 11, 2010
os mistérios de eleusis xxix
janeiro 10, 2010
janeiro 09, 2010
os mistérios de eleusis xxvii
janeiro 08, 2010
os mistérios de eleusis xxvi
Perséfona (volta a sentar-se): — Dizem que és manhoso
e o teu rosto é a própria inocência; dizem-te todo
poderoso e pareces um frágil adolescente;
dizem-te traiçoeiro, e quanto mais
te olho nos olhos, mais o meu
coração desabrocha,
e mais confiança sinto por ti,
belo jovem alegre. Dizem que és sábio
e hábil. Podes ajudar-me a bordar este véu?
janeiro 07, 2010
janeiro 06, 2010
janeiro 05, 2010
os mistérios de eleusis xxiii
Perséfona (tira as mãos do rosto, que mudou de expressão;
sorri através das lágrimas): — Patetas que sois!
Insensata que eu era! Lembro-me agora,
ouvi-o dizer nos mistérios olímpicos:
Eros é o mais belo dos Deuses;
sobre um carro alado
preside às evoluções dos Imortais,
na mistura das primeiras essências.
É ele que conduz os homens ousados, os heróis,
do fundo do Caos aos cumes do Éter. Ele sabe tudo;
como o Príncipe-Fogo, atravessa os mundos e
tem as chaves do céu e da terra!
Quero vê-lo!
janeiro 04, 2010
A cantora Lhasa de Sela morreu
When my lifetime had just ended
And my death had just begun
I told you I'd never leave you
But I knew this day would come
Give me blood for my blood wedding
I am ready to be born
I feel new
As if this body were the first I'd ever worn
I need straw for the straw fire
I need hard earth for the plow
Don't ask me to reconsider
I am ready to go now
I'm going in I'm going in
This is how it starts
I can see in so far
But afterwards we always forget
Who we are
I'm going in I'm going in
I can stand the pain
And the blinding heat
'Cause I won't remember you
The next time we meet
You'll be making the arrangements
You'll be trying to set me free
Not a moment for the meeting
I'll be busy as a bee
You'll be talking to me
But I just won't understand
I'll be falling by the wayside
You'll be holding out your hand
Don't you tempt me with perfection
I have other things to do
I didn't burrow this far in
Just to come right back to you
I'm going in I'm going in
I have never been so ugly
I have never been so slow
These prison walls get closer now
The further in I go
I'm going in I'm going in
I like to see you from a distance
And just barely believe
And think that
Even lost and blind
I still invented love
I'm going in
I'm going in
I'm going in
os mistérios de eleusis xxii
O coro: — Oh! Virgem divina, não é senão um sonho, mas
tomará conta do teu corpo, e tornar-se-á uma realidade
inelutável, e o teu céu desaparecerá como um sonho vão,
se tu cedes ao teu desejo culpável.
Obedece a esse aviso saudável, retoma a tua agulha e
tece o teu véu. Esquece o astucioso, o impudente,
o criminoso Eros!
janeiro 03, 2010
os mistérios de eleusis xxi
Perséfona - (com os olhos fixos no vazio e cheios de espanto):
— Será uma recordação? Será um pressentimento terrível?
O Caos… os homens…. o abismo das gerações,
o grito das paridelas, os clamores furiosos
do ódio e da guerra… a agonia da morte!
Compreendo, vejo tudo isso,
e esse abismo atrai-me,
toma-me, preciso sair.
Eros nele me mergulha com a sua tocha incendiária.
Ah! vou morrer! Para longe este sonho horrível!
(Cobre o rosto com as mãos e soluça.)
janeiro 02, 2010
Advertido pelo que do filme disse analima dos Dias Imperfeitos,
fui ver Parlez-moi de la pluie de Agnès Jaoui
com Jean-Pierre Bacri, ambos judeus,
franceses, ela natural da Tunísia,
ele da Argélia.
Já conhecia J.-P. Bacri do notável filme
Le goût des autres e esperei assim
um belo momento de cinema:
- e foi! Talvez não perdesse
em ser um pouco mais
intelectualizado...
mas é realmente
uma estória singela
contada com grande
maestria, graça
e beleza.
:))
- Sem dúvida, aquele repórter
cinematográfico conseguia
pôr à vontade os entrevistados.
Só era desastroso, por afinal,
não os conseguir sequer filmar!
lol
os mistérios de eleusis xx
janeiro 01, 2010
os mistérios de eleusis xix
Perséfona (levanta-se e afasta o véu): — Eros!
O mais antigo e contudo o mais jovem dos Deuses,
fonte inesgotável de alegria e choro
— pois, assim me falaram de ti —
deus terrível,
o único desconhecido e invisível dos Imortais,
o único desejável, misterioso Eros!
que perturbação, que vertigem
me assalta ao teu nome!