abril 15, 2009

Ainda, o homem quântico:


«Curiosa por ler esse livrinho [ ], gostei, principalmente,
deste excertozinho: «A única alternativa parecia ser
o viajante morrer primeiro e embarcar depois»
.

Sim, no universo da microfísica não há, de facto, causalidade estrita.
E essa causalidade probabilística que lhe é própria aguça os enredos
das histórias de ficção científica, por isso é muito bem-vinda

Imagina-te a viajar para dentro de um electrão, encontrando todo
um universo dentro dele, cheio de galáxias e partículas que, elas mesmas, tinham os seus universos dentro delas, universos e universos, abismo sem fim. É o mesmo entusiasmo

que sentia ao ler Júlio Verne.»

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Em Leibniz, matemático, filósofo, lógico e diplomata,
há essa vertigem do infinitamente pequeno.

Foi ele aliás que inventou o cálculo infinitesimal,
alguns anos até antes de Newton.

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Vê a tal vertigem leibniziana sobre o infinitamente pequeno,

«Cada porção da matéria pode ser concebida
como um jardim pleno de plantas e como um lago pleno de peixes.

Mas cada ramo da planta, cada membro do animal,
cada gota de seus humores é ainda um tal jardim ou um tal lago.


E embora a terra e o ar interpostos entre as plantas do jardim
ou a água entreposta entre os peixes do lago,

não sejam nem plantas nem peixes,

eles os contêm ainda,
as mais das vezes de uma subtilidade
imperceptível para nós.

Assim,
não há nada de inculto, de estéril, de morto no universo,
não há caos nem confusão senão na aparência,

mais ou menos como num lago à distância
no qual se veria um movimento confuso e buliçoso, por assim dizer,
de peixes no lago sem discernir os próprios peixes.

Por isso se vê que cada corpo tem uma enteléquia dominante,
que é a alma no animal;

mas os membros deste corpo vivo
são plenos de outros corpos vivos,

plantas, animais,

dos quais cada um tem ainda
a sua enteléquia ou a sua alma dominante.»


(Monadologia, §§ 67-70)

:)


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1 comentário:

Tinta Azul disse...

Para vir aqui é preciso vir devagar
para ler e reler.

[e eu parti os óculos e espero por uns novos...e é uma grande chatice não se ver como se quer]

:)