«Como deveria eu trabalhar? … E não me esquecer,
ao começar o trabalho, de me preparar para errar.
Não esquecer que o erro muitas vezes
se havia tornado o meu caminho.
Todas as vezes em que não dava certo o que eu pensava
ou sentia — é que se fazia enfim uma brecha, e,
se antes eu tivesse tido coragem, já teria
entrado por ela. Meu erro, no entanto,
devia ser o caminho de uma verdade:
pois só quando erro é que saio
do que conheço e
do que entendo.
Se a «verdade» fosse aquilo que posso entender
— terminaria sendo apenas uma verdade pequena,
do meu tamanho.»
Clarice Lispector, A Paixão segundo G. H.,
Relógio d’Água, 2000 (copyright, 1964), p 88.
2 comentários:
Não sei se já disse. Se tiver sido o cado, peço desculpa.
Não tinha lido quase nada de Clarice Lispector até ter visto uma extraordinária exposição, sobre a sua vida e obra, no Rio de Janeiro. Esta exposição estava de tal modo bem conseguida que impelia os visitantes a interagir. A título de exemplo, havia uma sala cujas paredes estavam forradas de armários de alto a baixo, estes com pequenas gavetas. Dentro de cada gaveta um objecto, um manuscrito com escritos dela. Não resisiti e demorei ali muito muito tempo até ter aberto a maioria das gavetas.
Desde entao tenho lido mais algumas coisas e, de facto, gosto muito.
:)
Não. Ainda não tinhas dito. :)
Eu adoro a Clarice Lispector.
Gostava de ter visto essa exposição no Rio.
Aqui há vários anos estive no Brasil,
numa viagem de três semanas,
e três dias no Rio.
Encantou-me o Real Gabinete Português
de Leitura e a Pastelaria Colombo! :)
Foi uma net-friend brasileira
que me encaminhou para
a Clarice Lispector.
Li todos os livros dela editados
cá em Portugal e alguns
de editoras brasileiras
Um dia não resisti e comprei
uma tese de mestrado
sobre a sua escrita.
Porém, ainda não a li,
porque deve exigir
recolhimento…
Entre nós, Vergílio Ferreira
admirava-a e, dizem,
tem uma escrita intimista
semelhante.
Tenho muitos extractos
de Lispector; hei-de
editá-los no blog.
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