dezembro 06, 2008

AMALIA RODRIGUES, MEU AMOR, MEU AMOR



Meu amor, meu amor,
Meu corpo em movimento,
Minha voz à procura,
Do seu próprio lamento.
Meu limão de amargura,
Meu punhal a crescer,
Nós parámos o tempo,
Não sabemos morrer.

E nascemos, nascemos
Do nosso entristecer.

Meu amor, meu amor
Meu pássaro cinzento,
A chorar a lonjura,
Do nosso afastamento.

Meu amor, meu amor
Meu nó de sofrimento,
Minha mó de ternura,
Minha nau de tormento.
Este mar não tem cura,
Este céu não tem ar,
Nós parámos o vento,
Não sabemos nadar.

E morremos, morremos
Devagar, devagar.



Letra de José Carlos Ary dos Santos
Música de Alain Oulman

2 comentários:

Tinta Azul disse...

A fantástica voz de Amália com poema de um autor que muito aprecio.
Está quase a comemorar-se o aniversário do seu nascimento.
Não esquecerei de o referir n' aluaflutua, onde é "voz" frequente.

:)

vbm disse...

:)) Uma falta na nossa experiência, 'geográfica', digamos assim, é desconhecer a música de diferentes povos do mundo.

Por cá, temos o fado. Mas, há canções e canções, de grandes artistas 'nacionais' tão mais ignorados quanto as editoras discográficas só se abalançam aos grandes sucessos de venda das músicas anglo-saxónicas...

E, no entanto, o mundo árabe, o norte de África, o médio oriente, têm canções belíssimas.

Uma faceta interessante do fado é justamente ele não ser 'privativo' das divas e, antes, acedível, cantável, pela voz de gente comum.

Recentemente, andei deliciado a ouvir amiudadas vezes um primeiro CD, estreia, de Cristina Nóbrega, Palavras do meu fado, voz quente, timbre cristalino, dicção clara! :)