junho 12, 2012



I'll be several days over there

junho 11, 2012



«É apenas no silêncio que funciona o único e verdadeiramente
poderoso meio de informação que é o murmúrio. Cada povo,
mesmo que oprimido pelo mais censurador dos tiranos,
sempre conseguiu saber tudo aquilo que acontece
no mundo através do murmúrio.

Os editores sabem que os livros que se tornaram um best-seller
não se tornaram tal pela publicidade ou pelas recensões,
mas por um termo que, em francês, se diz
bouche à oreille, em inglês se diz
word of mouth, em italiano
diz-se passaparola:

os livros atingem o sucesso
apenas através do murmúrio.

Perdendo a condição do silêncio, perde-se a possibilidade
de captar o murmúrio, que é o único meio fundamental
e fidedigno de comunicação.


Eis que, portanto, e em conclusão, direi que um dos problemas
éticos que se põe é como voltar ao silêncio. E um
dos problemas semióticos que poderemos
enfrentar é estudar melhor a função
do silêncio nos vários modos
de comunicação.

Abordar uma semiótica do silêncio: pode ser
uma semiótica da reticência, uma
semiótica do silêncio no
teatro, uma semiótica
do silêncio em
política,

uma semiótica do silêncio no discurso político,
isto é, a longa pausa, o silêncio como
criador de suspense, o silêncio
como ameaça, o silêncio
como negação,

o silêncio na música.


E, portanto, italianos,
eu não vos convido às histórias,
mas convido-vos ao silêncio.»

Umbero Eco, Construir o Inimigo e
outros escritos ocasionais, («Construire
il Nemico a altri scritti occasionali»), trad.
Jorge Vaz de Carvalho, Lisboa, Gradiva, 2011, PP.200-1

junho 06, 2012


«Sabemos como os nomes actuam sobre a alma
e até sobre o pensamento dos homens
que os recebem ao nascer e
de acordo com o rito,
ou ao renascerem.


Considera, por exemplo,
o alto nome de Aristóteles.




Tantos livros se têm escrito sobre o filósofo grego
e, que eu saiba, nunca ninguém observou que,
significando o seu nome «o melhor é o fim»,
pois 'aristos significa o melhor
e télos o fim', isso condiz
inteiramente com a
sua doutrina
de que


«a melhor das causas é a causa final».

:)

António Telmo, Congeminações de um
Neopitagórico, Sintra, Zefiro, 2009, p.67

junho 03, 2012


The Psychopath Test

Bob seemed melancholy. It was as if the crash had made him
introspective. He said, almost to himself, "I should never
have done all my research in prisons. I should have
spent my time inside the Stock Exchange as well."

I looked at Bob.
"Do you mean that?" I asked.
"I mean it," he said.
"But surely stock market psychopaths
can't be as bad as serial killer psychopaths," I said.

"Serial killers ruin families," shrugged Bob.
"Corporate and political and religious
psychopaths ruin economies.
They ruin societies."

junho 01, 2012


«Os heróis que a multidão seguiu após os acontecimentos
de Mafeking [guerra dos Boers, n'África do Sul]
eram bem inferiores aos heróis
que havia seguido
antes da guerra.

O gentleman inglês começou
a desaparecer da vida pública
e a dar lugar a labregos incitando
a revolta da populaça - [] -
do género Lloyd George,
Chamberlain, [], Churchill,
[].

A liberdade pessoal
e a legalidade estrita, [],
foram apagadas
das tábuas inglesas
da lei, ao mesmo tempo
que o centro de gravidade
social e político se deslocou
para um plano inferior.»

Henry Louis Mencken, Os Americanos
(«On Being An American», 1922),
Lisboa, Antígona, 2005